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terça-feira, 14 de maio de 2013



Quero a calçada, a rua e a podridão.
De nada me interessa um muro com
[uma cerca elétrica.
De nada me interessa o materialismo dialético,
A moral kantiana. O inconsciente coletivo.
Nada quero das filosofias. Nada quero do saber.

Quero ruas que fedem a mijo.
Um papel que limpe o catarro da criança birrenta.
A chuva ácida que corrói uma estátua
E reconstrói minha alma.
Quero. Não almejo e nem anseio, só quero.
O cantar de uma missa,
O choro de uma puta,
O riso de um bêbado
E as confidências do andarilho.

Quero a poesia vivida;
Não um livro.
A realidade que me cerca;
Não um vernissage surrealista.
Quero o niilismo.
A podridão.
O concreto.

De nada me interessa
A minha própria poesia.