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domingo, 31 de outubro de 2010

Sentia-me...


Sentia-me contente por não estar apaixonado, por não estar
contente com o mundo. Gosto de estar em desacordo com tudo. As pessoas apaixonadas tornam-se muitas vezes susceptíveis, perigosas. Perdem o sentido da realidade. Perdem o sentido de humor. Tornam-se nervosas,psicóticas, chatas. Tornam-se, mesmo, assassinas.  

Charles Bukowski.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ao mar eu ei de perguntar


Foi-se junto à correnteza,
Foi-se depois de muita humilhação,
Fumaça e desprezo.
Sim, foi-se.

Onde está?
Sabe-se lá!
É censurado falar,
Ao mar eu ei de perguntar.

Foi-se, um vazio deixou.
O chão, que era seco,
Com lágrimas se inundou.
Mas porque se foi?
Quem se foi?
Foi porque tinha boca,
E falar? –falou
Quem se foi?
Ah, os que mais mereciam ficar.

O mar, o vento
A brisa, o tempo
Hoje são seu aposento.
Pois se foi. Junto ao seu direito.

Na terra deixou saudade,
Esperança, admiração.
Mas pelo mar foi-se indignado,
Com dor e exaustão.

Voltar? –não voltou.
Pois se foi.
Foi-se.

Por uma injusta causa,
Penduraram-no. Ele falou
Sufocaram-no. Ele falou.
Contorceu-se. Mas falou.
Arrastaram-no. Por fim.

E como já não podia mais falar,
O mar o – levou.
Com a correnteza,
Foi-se a música, o pai,
O marido e o avô.
Foi-se o sorriso, o choro,
A alegria e a dor.

Voltar? –não mais voltou.
Saudades? –deixou.
Foi-se.
Gi.

*Poema sobre a época da ditadura, aos mortos e maltratados injustamente e aos exilados.


Deus, deus?


Deus, deus?

Deus, cansou dos filhos teus?
Porque tapaste teus ouvidos?
Teus olhos e teus sentidos?

Deus, não olha mais para os filhos teus?
Alguns por aí morrem de fome,
Sem amor, sem aposento,
Sem comida e sem nome.

Mas, óh Deus,
Rezam aqui os filhos teus.
Oferecem-te o pão, o vinho e a vida.
E depois,
Cansados de esperar por ti,
Jazem em um caixão.

Deus, Deus, deus.
Porque não ouves mais?
Está cansado dessa gente?
Mas, ora, tem muito inocente,
Que continua pertinente,
Á buscar o teu amor.

Então Deus, ó Deus.
Se você está ai,
Escuta os filhos teus,
Dá-lhes comida e abrigo,
Aos crentes e aos ateus. 
Gi.

sábado, 23 de outubro de 2010

Ultimamente


Ultimamente eu ando por aí, fazendo poesias e ouvindo uma música tranquila, com um olhar vazio, sem rumo, sem dinheiro. Ultimamente eu ando por aí, observando as pessoas passando, sorrindo tranquilas, conversando e cantarolando, sem perceber que eu as-observo. Eu ando por aí, como uma figura transparente que não é percebida por ninguém, como uma alma que pena. Ando por aí, proucurando por uma coisa indefinida, que me completerá. Quando não ando por aí, fico na minha guarida, lendo um livro a mais, fazendo coisas sem sentido. Ultimamente tudo está vazio, não há terra que tape esse buraco, não há luz que ilumine essa escuridão, não há piada que me faça rir, eu só respiro porque é uma coisa involuntária e talvez eu tenha preguiça de parar. Ultimamente as horas não passam e nada faz sentido.   

Gi.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Falácia


Até hoje, o amor que eu conheço, o amor que me mostraram, não é aquele amor benévolo e perfeito, não é aquele amor de cartas, poemas, sorrisos, brincadeiras e danças. Até hoje, o amor que eu conheço, o amor que me mostraram, não é aquele amor que dá saudade, benéfico, moderado, compreensível. Até hoje, o amor que eu conheço, o amor que me mostraram, não é um amor que pode-se julgar como o melhor sentimento de todos, o mais poderoso e inigualável, o que faz os erros se tornarem lições e que um aprende com o outro. Até hoje, o amor que eu conheço, o amor que me mostraram, não é aquele amor que eu queria conheçer.       

Gi.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A Morada do Nada


Portões altos,
antigos.
Árvores secas,
chão de folhagem.
Neblina em excesso,
visão tapada.
Cinza.
Lago ao lado,
escuro e gelado.
Sem nenhuma habitação.
Ninguém.
Olhos fechados.
Parados.
Antônimo da vida.
Ali, na casa escura
tudo se desfigura.
Lágrimas pesadas, doídas.
Breu.
Cheiro de morte,
que habita por perto.
Sentimentos claudicantes,
sórdidos, incertos.
Vontade de nada.
Um nada medonho.
Felicidades esquecidas.
Dor e desordem.
Conflagração de mentiras.
Sorrisos imersos
no lago gelado.
Escuro.
Ali perto.
Neblina.
Cinza.
Morte por perto. 

Gi.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Involuntário


Impediram-me de te ver,
minha vontade só aumentou.
Impediram-me de te ouvir,
minha audição se aguçou.
Impediram-me de te sentir,
e a minha dor me sufocou.

Você, nem sei porque,
faz-me querer viver
ou em instântes padecer.

Você, nem sei porque,
faz meu coração bater,
o meu fogo se acender
e minh'alma transparecer.

É por isso que eu lhes peço,
que não me impeça de te ver,
de te ouvir,
te tocar, te sentir,
te querer.

Porque a vontade aumentará,
[aumenta.
E será,
[como é.
Difícil de viver.
Gi.

Águas Sórdidas


No cais,
ela esperava aflita.
No cais,
depositava sua esperança.

Era noiva, tinha aliança.
Mas no cais, seu amor a deixou
sem paz, sem confiança.

Então no cais ela ficou,
esperar? -esperou
por anos e anos,
no cais. Ela ficou.

Seu noivo não voltou,
chorar? -chorou
Sentiu saudade daquela boca,
que um dia ela beijou.

Mas sabia que não a sentiria novamente,
pecar? -não mais pecou.
No cais,
sua vida? -ela deixou.
Gi.

Pretérito Perfeito


Era quente,
expelia calor.
Era movimento,
movimento com ardor.

Era alegria,
expressão sorridente.
Era vida,
vivia com a gente.

Hoje já não é mais.

É frio,
expele gelidão.
É parado,
não se move, não tem pulsação.

É tristeza,
rosto pálido, sem expressão.
É morte,
vive em um caixão.

Hoje já não é mais.

Gi.
 Ao meu avô, que no caso não é o idoso da foto.

Dê-lhe Sentido


Palavras vazias
em si - só

Sentimentos vazios
em si - só

O vento vazio
o lenço, o rio,
o choro e o frio
em si - só

Dê-lhe o valor,
gostar de ser só? não gosta.
Aclamam por um sentido.
O vazio, o despido.

Mas alguém chega a conclusão?
Não.
E no final, cada um dá um sentido,
ao que julga-se vazio.
O vento,
O lenço,
O rio,
O choro e o frio.
Agora não mais,
Não mais é vazio.
Gi.

Perdoem-me as flores


Ventos uivantes,
Vorazes.
Cortantes.

Eis que vem;
de um lugar
desconhecido.

Quem dera ouvir
seu farfalhar.

Ventos uivantes,
Vorazes.
Cortantes.

Do tal saudade sinto,
se é que sinto algo.

Há tempos já não ouço,
não pronúncio, não enxergo.

A nostalgia se exalta,
quando se fala no vento,
N'aquele mesmo vento.

O vento uivante,
Voraz.
Cortante.

Perdoem-me as flores,
quando falo do tal vento cortante.
pois nem todas tinham uma cúpula,
e se desmanchavam num instânte.

Mas quando voltar a sentir,
a falar e a ouvir,
quero me esvair com o vento,
e ir além do tempo.

Junto aquele vento.

O vento uivante,
Voraz.
Cortante.
Gi.



A Palavra


A palavra é minha válvula de escape,
minha arma no combate,
o amenizar do meu sofrer.

É a rédia da minha mente,
dos meus pensamentos não coerentes,
dos meus amores que me fazem doer.

A palavra é o resumo da minha vida,
o curativo para minha ferida,
que só cicatriza com essa escrita.

É o vômito do meu coração,
o implorar da minha mão,
que tanto pede por escrever.

É a cura do meu incurável,
o conto de fadas de verdade
que faz-me amadurecer.
Gi.

sábado, 9 de outubro de 2010

Desconforme


Estou arrependida de me arrepender, me limitei a me limitar. E o jeito, agora que não tem mais jeito, é me contentar com o que não tenho, esquecer as coisas inesquecíveis, abalar o inabalável e seguir em frente, mesmo sem ter pra onde ir.     

Gi.

domingo, 3 de outubro de 2010

Droga predileta.


Comprei um frasco. Um frasco que continha uma substância líquida. Uma substância líquida denominada ''Amor''. Bebi, bebi, bebi, por um longo tempo, diariamente, três vezes ao dia. Não me cansava de beber aquela substância maravilhosa, que me dava a sensação de alegria, delírio, o mundo parecia ser mais colorido, o gelo não era tão frio e o calor não era tão quente. Era a melhor de todas as drogas. Porém, essa tal substância veio sem bula, sem rótulo, sendo assim, eu não fui avisada dos efeitos colaterais. Frio, calafrios, desisteresse, descrença, sensação de anestesia, silêncio, indiferença, arrogância, depressão profunda, entre outros. Quem me dera ter lido a bula dessa droga impiedosa! Mas ninguém me avisou que era assim, como poderia eu, que sempre achei que tudo relacionado a esse tal de amor fosse perfeito, saber que haveria tantos efeitos colaterais? Mas agora ja é tarde, sofro quieta. Quem sabe qualquer dia por aí eu encontre uma droga mais forte que essa ou talvez um antídoto para a mesma.   gi.

Patriotismo


Queria saber falar de outra coisa senão amor, mas é como querer falar inglês, italiano, alemão tendo nascido no Brasil. O amor é minha língua, minha terra. E eu? Sou bem patriota.


feito por Isa G. do querido blog ''Amargamente Doce''.