Esse campo obrigatório não poderia ficar em branco.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Marginália


Toda a podridão do mundo
me consome.

Tudo o que é feio
O que da nojo
E o que é errado.

Há certa poesia nas ruas,
nos becos,
nos bueiros
e embaixo dos túneis
[com suas luzes amareladas.

Há certa poesia
nos inícios de manhãs de feira
e nas ruas vazias
dos dias santos.

Eu sinto que essa
''certa poesia''
é a poesia certa.

E que não há poema de amor
mais bonito
que a fala
de um andarilho.

Gi.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Poema de ônibus na volta para casa




Hoje vi uma criança que colhia um dente-de-leão.
Que o colhia em um mato que cresceu
[Em uma escola pública.
Eu olhei para ela e vi uma criança.
Uma criança que apanhava uma flor.
Vi humanidade.

E me veio à cabeça
Uma outra criança que um dia
Eu havia visto.

Era uma pessoinha
Que com seu esquadro de metal
Desenhava uma flor rebuscada em seu caderno.
Entre pisos e azulejos 
[De uma escola protegida e particular.

O que não entendo 
É que na segunda criança
O que eu vi foi, 
Quem sabe, 
Um futuro arquiteto ou engenheiro.

Talvez sem nenhuma humanidade.

Gi.